16 OUT | Centenário Carlos Paredes

Quinta-feira, 16 de outubro de 2025, 21h30. Teatro Jordão. Entrada Livre!

CONCERTO com LUISA AMARO (guitarra portuguesa), GONÇALO LOPES (clarinete) e INÊS VAZ (acordeão).

Em 2025, cumpre-se o Centenário do Nascimento de Carlos Paredes, artista único na arte de tocar e compor na guitarra portuguesa. Essa singularidade vinha da sua condição de ser filho de Artur Paredes, grande mestre da guitarra de Coimbra, cujo talento absorveu e desenvolveu, espalhando a sua arte em diferentes áreas da Música e no Cinema, contribuindo para várias bandas sonoras do Novo Cinema Português.

Em 1989, Paredes – que até então nunca tinha tocado em Guimarães – vem à nossa cidade, acompanhado por Luísa Amaro, apresentar-se no Teatro Jordão, a convite do Cineclube. A sua música pode voltar agora à nossa cidade, agora “pela mão” da sua companheira na música e na vida, Luísa Amaro. Com a realização deste concerto, pretende-se homenagear a música de Carlos Paredes e, simultaneamente, recordar esse já longínquo espectáculo de outubro de 1989.

É com compreensível orgulho que a nossa associação cultural se pode olhar por ter sabido, já nessa altura, celebrar e aplaudir este enorme artista. Tão grande quanto a sua simplicidade. O Cineclube e todas as centenas de pessoas que puderam assistir a esse memorável concerto não o esqueceram!

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O instrumento do destino
Paolo Scarnecchia

No timbre da guitarra portuguesa encarnou-se um estranho destino: desaparecida do resto da Europa, sobreviveu com orgulhosa tenacidade em terra lusitana até identificar as cordas mais íntimas e as vibrações mais subtis. A sua voz – porque de uma voz se trata – toca o coração desde a primeira nota; as suas ressonâncias colocam em movimento sentimentos que pareciam esquecidos; nela afloram emoções que as palavras não conseguem descrever. Há qualquer coisa de antigo e de nobre no timbre deste instrumento, que tem aparentemente origens humildes e que encontrou no fado o seu habitat ideal.

Mas a guitarra portuguesa, se é a essência do fado, vive para além dele. Demonstraram-no músicos que souberam exaltar o seu extraordinário potencial expressivo, revelando um universo sonoro original e fascinante. Luísa Amaro está entre eles. Crescida artisticamente com Carlos Paredes, assimilou um ilimitado interesse pelo som como exercício criativo de exploração do mundo.

A personalidade única da guitarra portuguesa é colocada em evidência pela elegante e discreta presença do clarinete.

Esta subtil e constante inquietude, tão intrínseca e requintadamente lusitana, reflecte-se no trabalho de Luísa Amaro através da evocação de um Portugal mourisco, como expressão de uma insinuante nostalgia. Qualquer coisa de longínquo no espaço e no tempo, e ao mesmo tempo tão próximo de se tornar motivo de efabulação sonora.

Se a saudade fosse som, teria a voz do seu instrumentocão.