23 ABR | As Escolhas de… Francisco Louçã

 5 Broken Cameras

Apresentado por Francisco Louçã

Realização:
Emad Burnat, Guy Davidi

Intérpretes:
Emad Burnat, Soraya Burnat, Mohammed Burnat
..

23 Abril| 21:45h | Blackbox – PAC 
2012 – 127 min – M/12

Cinco anos, cinco câmaras destruídas. Este podia ser o resumo minimalista de «5 Broken Cameras», documentário assinado pelo palestino Emad Burnat e pelo israelita Guy Davidi, numa parceria que começou apenas em 2009 mas que aproveita as filmagens que o primeiro executou da resistência do seu povo à instalação de um colonato israelita em terras palestinas.

O caso remonta a 2005, no povoado de Bil’in, na Cisjordânia. Na altura, a situação fez as capas dos jornais, até porque esta localidade tornou-se um símbolo de resistência numa região sem solução fácil à vista.

Talvez um dos maiores triunfos deste trabalho é a sua fuga a um carácter manipulador de quem tem a razão neste conflito mais cego do que devia. Curiosamente, o filme nunca sai da esfera local, mostrando os sistemáticos conflitos entre os palestinos e os israelitas, que nem sempre envolvem os soldados. A esfera mais alta do conflito nunca é aqui tocada e as decisões do topo afetam a sua base, que é a verdadeiramente focada neste documentário.

Assim temos manifestações e diversas formas (muitas vezes criativas) de ativismo, mas que normalmente terminam com os soldados a lançarem granadas de gás e vários disparos. A primeira câmara de Emad foi destruída por uma dessas granadas de gás no outono de 2005, deixando-o também com ferimentos na mão. Depois disso, a segunda câmara foi destruída por colonos israelitas já estávamos na primavera de 2007. Uma terceira câmara acabaria por lhe salvar a vida no inverno de 2008, ao separá-lo de uma bala -isto depois de já ter sido destruída parcialmente e arranjada duas vezes. Já a quarta câmara ficou destruída após conflitos em 2008 e que resultaram num acidente grave de Emad. Nessa altura, o próprio não teve problemas em afirmar que se não tivesse sido levado para um hospital israelita teria morrido. Como não tinha identidade do estado de Israel, a conta do hospital foi exorbitante e aqui as criticas estendem-se à autoridade palestina que não considera o seu ativismo uma forma de protesto sério, o que leva a que todos os encargos médicos fiquem por sua conta. Finalmente, a quinta câmara foi destruída na primavera de 2010, altura em que ele voltou a ser atingido por uma granada de gás.

Paralelamente a estes eventos acompanhamos o impacto que este ato de capturar em imagens tudo afeta a sua vida familiar, isto apesar de a sua mulher ser também a favor da luta contra esta injustiça. Soraya, de seu nome, é uma palestina que viveu alguns anos no Brasil e a bandeira verde e a amarela acompanha o filme em diversas ocasiões (seja através da porta da casa de Emad, seja através de autocolantes numa da câmaras). Quem acompanha também todos os eventos é o seu filho Gibreel, cuja data de nascimento marca também o dia em que Emad arranjou a 1ª câmara. Este não percebe a maioria dos eventos e as suas questões são também muitas de quem não acompanha o conflito.

Outro dos factos curiosos deste trabalho é a presença de ativistas de diversos pontos do globo, de jornalistas e de muita gente meramente curiosa com os eventos. Adultos e crianças, também elas vítimas de agressões, detenções e disparo. Ainda assim, as câmaras de Emad capturam na sua essência uma população injustiçada, mas que em alguns casos pessoas gosta de fazer um show com isso. Ele próprio afirma isso em relação a algumas das personagens. É frequente também vermos jovens soldados nitidamente não preparados para este género de conflitos. Muitos são novos, outros simplesmente parecem estar impostos por uma hierarquia militar longe da objetiva destas filmagens. Relembre-se a cena em que um grupo de soldados fica quase encurralado entre colonos israelitas e a população palestina, não sabendo bem como acabar com as quezílias.

Como tal, há momentos verdadeiramente tensos e outros dramaticamente intensos, especialmente quando algumas mortes são captadas «em direto» pelas câmaras, tornando-se esses falecidos novos mártires desta causa.

Não haja dúvidas assim que estamos aqui perante um documentário extremamente poderoso que certamente funcionará como documento histórico para o futuro e que à sua maneira conta uma história de resistência, na maioria das vezes pacifica, mas sob um olha pessoal e fora da manipulação ideológica que tantas vezes contamina estes trabalhos.

A não perder…

Jorge Pereira

 

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